O desmatamento em 2022 indica que a atividade é executada em larga escala: foram 234,8 ha por hora, ou 5.636 ha por dia, na média – um incremento de 24,3% em relação a 2021. Somente na Amazônia foram 3.267,5 ha desmatados por dia, ou 136,1 ha por hora. Isso equivale 2,3 ha por minuto e significa que cerca de 21 árvores foram derrubadas a cada segundo. O Cerrado está em segundo lugar, com 1.807,3 ha por dia, o equivalente a 75,3 ha por hora. O aumento da velocidade foi constatado em todos os biomas, menos na Mata Atlântica, onde se manteve estável.
>> Acesse o relatório completo e os destaques do RAD 2022
Os dados integram o mais recente Relatório Anual do Desmatamento no Brasil do MapBiomas, que consolida dados de todo o território nacional e seus biomas, lançado nesta segunda-feira (12).
A velocidade média por alerta de desmatamento também teve um incremento em 2022: 0,18 ha/alerta/dia em 2021 passou para 0,20 ha/alerta/dia. Foram detectados e validados, em média, 239 novos eventos de desmatamento por dia em 2022; em 2021 foram 191.
A velocidade média máxima de desmatamento para um único evento de desmatamento foi alcançada no alerta de código 617708, no município de Alto Parnaíba, no Maranhão. Foram 239 ha/dia de Cerrado, permitindo que 1.913 ha fossem desmatados em apenas nove dias, entre 11/06/2022 e 19/06/2022. Na Amazônia, a maior velocidade média máxima observada foi de 36,3 ha/dia no alerta de código 600321, localizado no município de Novo Aripuanã, no Amazonas. Já no Pantanal, o alerta com maior velocidade média máxima observada foi de 25,5 ha/dia, em Corumbá, no Mato Grosso do Sul.
A velocidade pode ser ligada ao alto investimento na atividade: desmatadores têm dinheiro para desmatar nessa velocidade, com maquinário.
Áreas devastadas cada vez maiores
Houve um aumento de 19,3% na quantidade de desmatamentos com mais de 100 ha por alerta em 2022. Apesar de representarem apenas 4,8% do total de alertas, eles respondem por 60,6% do total desmatado no país. As áreas desmatadas com menos de 25 ha representam 81,9% do total de alertas, mas somente 15% da área desmatada.
Como consequência direta da maior velocidade de desmatamento, a área média desmatada por alerta alcançou 27 ha, um aumento de 14,8% em relação a 2021. No Cerrado e na Amazônia, porém, o crescimento foi bem maior: 48,7% e 21,2%, respectivamente. Mas é o Pantanal o bioma com a maior área média desmatada por alerta: 117,3 ha. O Cerrado vem em seguida, com 104,8 ha.
A Mata Atlântica e o Pampa possuem as menores áreas médias por desmatamento (3,8 ha e 7,4 ha, respectivamente), o que pode ser explicado pela maior fragmentação da paisagem e pela estrutura fundiária, com propriedades rurais de menor tamanho, na comparação com os demais biomas.
O calendário da destruição
Embora a dinâmica de desmatamento nos biomas apresenta diferenças, o dia com maior área desmatada em 2022 foi 25 de julho, com 6.945 ha desmatados. Isso equivale a 804 m2 por segundo ou 4,8 ha por minuto. Em apenas 24 horas, foi desmatada uma área equivalente a 8.400 campos de futebol.
Os picos de desmatamento por bioma, no entanto, variam. Na Caatinga, o ápice do desmatamento aconteceu na primeira quinzena de fevereiro. Na Mata Atlântica, foi no final de março, diferentemente de 2021, quando o auge foi alcançado em agosto. No Cerrado, o pico aconteceu no início de abril. No Pantanal, foi na primeira quinzena de junho. Na Amazônia, foi no final de julho. No Pampa, foi na segunda quinzena de setembro.
>> Desmatamento nos biomas do Brasil cresceu 22,3% no ano passado
>> Terras Indígenas permanecem como os territórios mais preservados do Brasil